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Agora na oposição, Isabela de Roldão rebela-se contra o projeto Novo Recife


A ameaça do “Novo Recife”

Por Isabela de Roldão, vereadora do Recife pelo PDT
IsabellaFEV2015Jão
Como suplente do Conselho Municipal da Cidade do Recife, participei na última quinta-feira (19), da audiência pública de apresentação da minuta do projeto de lei que institui e regulamenta o plano específico para o Cais de Santa Rita, Cais José Estelita e Cabanga. Confesso, que o resultado dessa sessão muito me entristeceu.

Como sabemos, desde a Revolução Industrial, no século XIX, os grandes centros urbanos começaram a trazer, significativos contingentes populacionais, formados por pessoas que, em busca de novas alternativas de vida, deslocaram-se para as cidades.

Como consequência, os problemas desses centros urbanos, assim como no Recife, passaram a apresentar proporções preocupantes. Exigiram, desde então, uma árdua tarefa do Poder Público na tentativa de atender com êxito aos problemas ligados às cidades e às grandes concentrações humanas, isto é, ajustar o espaço físico ao que é indispensável à vida digna dos cidadãos.

A maior e mais intrigante indagação que faço à apresentação do “Novo Recife” é: O que há de realmente NOVO para o Recife nesse projeto? Presenciamos há mais de dez anos, lastimavelmente, um processo natural de degradação dos imóveis antigos e, sobretudo, das áreas públicas.

Abandona-se até que um dia alguém se mobilize para que exista alguma mudança e, infelizmente, essa transformação insurge da iniciativa privada e consiste em construir mais um prédio de 45 andares dentro do nosso Recife.

A chamada “zona de renovação urbana”, que a atual gestão da prefeitura propõe, configura-se um inquestionável deletério social. O vídeo, reproduzido na última reunião do Conselho das Cidades, 14.02, com a expectativa de como será o resultado da implantação do projeto, é de causar espanto em qualquer indivíduo que se preocupe e deseje o melhor para sua cidade.

É inadmissível que, a exemplo das Torres Gêmeas erguidas no histórico bairro do centro do Recife, outros grandes edifícios sejam instalados na nossa cidade sem obedeça a um programa previamente estabelecido que atenda prioritariamente ao interesse público.

O movimento, senhores, deveria atender pelo nome de “Resiste RECIFE”, e não apenas “ESTELITA”, A CIDADE INTEIRA ESTÁ SENDO VIOLADA PELO ABANDONO E DESCUIDO.Nossa cidade deve opor resistência e não se submeter às tamanhas arbitrariedades.

Tomando como lição, basta observamos o que ocorre com o bairro do Poço da Panela, na zona norte do Recife. Uma área que é considerada Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural e tem, segundo as normas vigentes, a restrição do número máximo de até oito andares para a construção de prédios, atualmente já possui um conglomerado de mais 16 prédios.

Porém, são justamente esses oito andares que derrubarão as casas que fazem parte da história daquele bairro e da nossa cidade. Aos poucos, vamos nos deixando minar pela modernidade e aceitando que é muito mais bonito ter um prédio grande, espelhado, arborizado, do que aquele casarão velho e caindo aos pedaços.

Outro exemplo de descaso em decorrência do processo de modernização é a obra do Túnel da Abolição, que no dia 18 de março completará dois anos. Estive visitando o Museu da Abolição, que está praticamente de portas fechadas. A obra do túnel, que nunca termina, impede a entrada dos ônibus escolares, obstando o público visitante, formado principalmente por crianças e adolescentes estudantes da rede pública e privada, de terem acesso ao local.

O espaço que recebia mais de sete mil visitas por ano, atualmente registra menos que a metade, visto que as vias de acessos estão bloqueadas. O acesso ao museu foi desprezado, ao passo que o aumento do corredor viário objetivando a melhor e cada vez mais rápida circulação de carros é priorizado.

É penoso encontrar uma ferramenta de ensino, aprendizagem e elevação de cultura esquecida, inutilizada e excluída. De fato, Recife e Pernambuco pouco se preocupam com a Educação e Cultura.

Essa é a degradação da nossa história. Aqui, Senhores, devemos esquecer as nossas diferenças políticas, não importando o partido, a condição de situação ou oposição. A representação do desejo de todos os Recifenses é a nossa maior insígnia, a nossa maior defesa. Não devemos ceder às vontades de um grupo que prospecta o crescimento imobiliário desordenado em nossa cidade.

Além disso, precisamos refletir sobre o que estamos construindo e deixando como herança para as novas gerações, as quais não terão a oportunidade de conhecer o Cais Estelita, assim como não conhecerão a Ilha do Recife, pois estará invadida por vários espigões.

As Torres Gêmeas são a maior prova disso, aquela obra horrorosa, e que verdadeiramente está “empatando a minha vista”,ou melhor, a “nossa vista”! E isso precisa ser revisto urgentemente.

Durante a audiência pública, convoquei toda a sociedade civil e movimentos sociais ali representados para que eles mudem de nome e passem a se chamar “Resiste Recife!”. Eu vejo no desafio do “Resiste Estelita”, o desafio do “Resiste Recife”.

Por isso, trago esse tema como sinal de alerta. Não podemos dar permissão a um projeto desta estirpe, como, infelizmente, foi aprovada a pouco mais de um mês, aqui na Câmara a lei que permite que alguns casarões do bairro da Boa Vista sejam demolidos.

Eu quero discutir o projeto “Novo Recife” através de uma reavaliação de conceitos. Não podemos nos prender exclusivamente à indagação se vamos ou não construir torres.

Devemos refletir: o que de fato desejamos para a nossa cidade? O que eu quero registrar na história, e nos livros de história? O que a minha geração está fazendo para evitar que o Recife vire uma nova São Paulo? Resiste Estelita. E ampliar isso para toda a cidade, RESISTE RECIFE!

Audiência pública

Convém, ainda, observar a dinâmica da audiência pública realizada pela Prefeitura do Recife, na última quinta-feira (19). Foi estarrecedora. Em momento algum existiu um processo de debate para o tema em questão discutido.

Não existiram representantes da equipe técnica e multidisciplinar organizada pela prefeitura na ocasião. O grupo de trabalho, que é formado por profissionais das secretárias de Mobilidade e Controle Urbano, Cultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade e Assuntos Jurídicos, além da própria secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, a qual coordena todo o processo,deveria contrapor as propostas, pensamentos ou argumentações técnicas sugeridas pela sociedade civil e pelos representantes dos movimentos sociais.

Quem é a da prefeitura que vai responder? Quem é o arquiteto? O engenheiro? O Urbanista? Quem colocará o nome nesse projeto? Onde estão os representantes do Instituto Pelópidas Silveira com seu parecer técnico? E a equipe multidisciplinar para aclarar as questões técnica?

Uma audiência que visou tão somente o cumprimento de protocolos. Realizada numa quinta-feira de cinzas e no horário do expediente, ressalta-se. Todas as questões que foram levantadas permaneceram, mais uma vez, sem respostas.

O que presenciamos, na última quinta-feira, foi mais uma audiência pública em que não existiu a discussão acerca do projeto, nem tampouco a análise dos fatores positivos e negativos. E, como dizia Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido, “a gente está fingindo que ensina e o aluno fingindo que aprende” e estamos brincando de faz de conta.

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