A
presença do ministro da Educação do governo Bolsonaro na Câmara Federal
também repercutiu no Plenário da Assembleia Legislativa, hoje (27), com
pronunciamento da deputada Teresa Leitão. A parlamentar questionou a
gestão do MEC, citando exonerações e recuos de medidas apresentadas pelo
ministro Ricardo Vélez Rodríguez. As 21h24, a jornalista Eliane
Cantanhêde anunciava a demissão do ministro.
Teresa
Leitão lembrou que, na última segunda (25), o MEC suspendeu por dois
anos a avaliação da alfabetização no País. A medida foi revogada no dia
seguinte, mas a controvérsia teve como consequência a saída, a pedido,
da secretária de Educação Básica do MEC, Tania Leme de Almeida, e a
exoneração do presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues.
“Há
uma enorme desarmonia entre os grupos que compõem o ministério, o que
tem gerados medidas bastante negativas para um órgão estratégico com o
segundo maior orçamento da União”, observou a parlamentar. “Enquanto
isso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), tão
importante para a relação com Estados e municípios, está sem gestor”,
apontou.
Por
fim, a petista criticou outra medida relativa à educação federal: a
decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE) em não definir os
indicadores de Custo Aluno Qualidade (CAQ), que estabelecem
os valores mínimos que deve ser investidos por estudante na rede
pública. “A decisão foi articulada pelo representante do governo no CNE.
Com isso, aprimoramentos no CAQ por regiões ou necessidades específicas
de Estados e municípios deixam de ser feitos”, afirmou. “O ministro é
gerencialmente inapto e politicamente descompromissado com a educação
pública.”
Ainda pela manhã, na Comissão de Educação e Cultura, Teresa Leitão sugeriu encaminhar
um alerta à Confederação Nacional dos Municípios sobre os possíveis
prejuízos, para a Educação Básica, das mudanças sinalizadas pelo Governo
Federal na repartição dos recursos públicos com os governos estaduais e
municipais.
Os
parlamentares vão sugerir, em ofício, que a questão esteja na pauta da
Marcha dos Prefeitos, em abril, quando os gestores municipais serão
recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Segundo a
deputada, uma das alterações em análise pelo Ministério da Economia pode
comprometer o Fundeb – composto pela parcela dos recursos da União que
têm de, necessariamente, ser destinados à educação. Como a ideia do
Governo Federal é desobrigar-se das despesas desse tipo – as chamadas
despesas vinculadas –, o Fundeb pode deixar de existir, explicou a
petista.
“Os
municípios já estão com a corda no pescoço. Se extinguirmos esses
repasses, eles ficarão numa situação ainda mais grave, principalmente
aquelas cidades em que o Fundeb é a primeira ou a segunda principal
fonte de receitas”, afirmou a deputada. Ela acrescentou que os setores
ligados à educação, que antes se mobilizavam pela extensão do prazo do
Fundo – previsto para durar até 2020 –, agora se preocupam com a
continuidade da política. “A Assembleia Legislativa tem de mostrar o seu
posicionamento.”
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