Audiência pública discute possível privatização do Metrô do Recife

A possibilidade de privatização do Metrô do Recife motivou audiência pública conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico, Negócios Municipais e Cidadania
da Alepe nesta quarta. De acordo com o diretor de Planejamento e
Relações Institucionais da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, CBTU,
Pedro Cunto, a intenção do Governo Federal é retomar o processo de
repasse das operações do metrô para os Estados.
Um estudo será contratado para tratar
em paralelo da estadualização e de um possível modelo de concessão. Mas
a decisão final de assumir as operações ou repassar para a iniciativa
privada cabe a cada Estado. “O
BNDES está modelando isso, foi contratado pelo Governo Federal, pelo
Ministério da Economia, dividiu o projeto em três etapas, a primeira
etapa de estudos da viabilidade das operações da CBTU, a segunda etapa
para se modelar o processo de passagem do Governo Federal dos ativos
para o Estado. E a terceira etapa, se houver acordo com o Estado, que
seria efetivamente a assinatura da estadualização e publicação do edital
e concessão.”
Metroviários presentes ao evento
demonstraram preocupação com os impactos para os usuários. Linhas que
trazem menos retorno podem ser suspensas, na avaliação do
vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, Luiz
Soares. “Em alguns lugares,
como a Linha Sul, por exemplo, parte dela pode ser extinta, porque
aquele pessoal é de tarifa baixa e a população é quem mais vai perder,
principalmente o pessoal do Cabo de Santo Agostinho”.
Também foram criticadas as operações
já repassadas à iniciativa privada, a exemplo do Metrô do Rio de
Janeiro. Na avaliação dos metroviários, o aumento de tarifas não se
converteu em melhorias na qualidade do serviço e os investimentos
continuam a ser bancados com dinheiro público.
A audiência pública também tratou da
situação atual do Metrô do Recife, descrita como de sucateamento e
insegurança. Pedro Cunto atribuiu os problemas à falta de recursos: em
2018, as tarifas cobriram 87 milhões de um custo de 541 milhões de
reais. Para viabilizar a manutenção do serviço, ele defendeu rediscutir a
participação da renda do sistema integrado de passageiros. Atualmente,
56% dos 400 mil usuários-dia do Metrô do Recife pagam passagem que fica
apenas para o ônibus.
O tema precisa de mais discussão, segundo o deputado João Paulo, do PC do B, que sugeriu o debate. “Uma
paralisação total do sistema do metrô vai ter um impacto muito grande
em toda a Região Metropolitana, em todo o Estado, mas acima de tudo quem
vai ser mais prejudicado vão ser os trabalhadores”.
De acordo com a CBTU, 14 dos 40 trens do Metrô do Recife estão sem funcionar.
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