Comissões da Alepe discutem prejuízos ocasionados pelas manchas de óleo nas praias pernambucanas
O derramamento de óleo nas praias pernambucanas foi debatido em audiência pública das Comissões de Meio Ambiente e de Desenvolvimento Econômico da Alepe, nesta quarta. Deputados, gestores públicos, representantes de ONGs e comunidades afetadas estiveram presentes.
O presidente do Colegiado de Desenvolvimento Econômico, deputado Delegado Erick Lessa, do PP, pediu unidade política para enfrentar o problema. Já Romero Sales Filho,
do PTB, afirmou que as prefeituras e as ONGs estiveram à frente dos
esforços de limpeza, sem apoio imediato dos Governos Federal e Estadual.
O superintendente da Secretaria
Estadual de Meio Ambiente, Bertrand Sampaio Alencar, afirmou que houve a
retirada de mais de mil e 500 toneladas de óleo das praias de
Pernambuco em sete dias. Ele resumiu as ações tomadas pelo Governo do
Estado desde a instalação do gabinete de crise, em 16 de outubro.
“Colocar helicópteros, colocar navios, colocar gente em campo, ou seja,
no ar, na terra e no solo. Essa é uma medida essencial, foi iniciada no
primeiro dia para poder monitorar a chegada dessas manchas, sobretudo as
manchas maiores. Por conta disso que se conseguiu interceptar várias
dessas manchas já em alto mar. A partir daí, foi o estabelecimento de
pessoas e técnicos em todos os locais onde começou a aparecer essas
manchas, e remover todo esse material. O Estado contratou empresas
credenciadas ambientalmente, certificadas, e o único aterro que recebe
resíduos classe 1, que é o CTR Pernambuco em Igarassu”.
O gestor ambiental Felipe Meireles,
do Movimento Meu Mundo Mais Verde Maracaípe, foi uma das pessoas da
sociedade civil que esteve à frente do combate ao óleo desde os
primeiros dias. Ele relatou o esforço de coordenação do movimento com
comunidades locais antes mesmo da ação do Estado, e a aplicação de
protocolos de segurança para remoção do óleo. “Em Tamandaré, isso
aconteceu em São José da Coroa Grande, aconteceu em Ipojuca, aconteceu
no Cabo e agora vem acontecendo no município de Paulista e Itamaracá
também, que já temos uma base avançada lá. Então essa rede é importante
que funcione, essas pessoas precisam ser consultadas para que elas
possam nos ajudar a traçar esse planejamento estratégico de atuação na
calamidade que possa acontecer ou uma possível chegada desse óleo nas
praias do município”.
A necessidade de descobrir
imediatamente as causas e consequências do derramamento de óleo foi
evidenciada em diversas falas. Laurineide Santana, do Conselho Pastoral
dos Pescadores, cobrou medidas para que a pesca artesanal possa retomar
as atividades e gerar renda. Já Estevão Santos, que é morador do Cabo de
Santo Agostinho, afirmou que foi voluntário na retirada do óleo e está
há treze dias com insuficiência respiratória.
O presidente da CPRH, Djalma Paes
Júnior, informou que um laboratório da UFPE está pesquisando se há
substâncias cancerígenas na água contaminada, com resultado previsto
para oito de novembro. Outro exame, sobre a possível contaminação de
pescados, será realizado por um laboratório da USP, ainda sem data para
divulgação do resultado. Ele ainda criticou o Governo Federal pela
demora em tomar providências.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, deputado Wanderson Florêncio,
do PSC, anunciou que esclarecimentos serão feitos a partir da
audiência. “Como fica a sobrevivência desses pescadores, desses
marisqueiros? Como fica a condição de uso dessas praias? Queremos um
acompanhamento também no campo da saúde, para os voluntários que tiveram
contato com esse material. E esse encaminhamento será feito tanto para o
Governo do Estado de Pernambuco quanto para o Governo Federal para que
possa, oficialmente, dar transparência para o cidadão”. Outras medidas
são a realização de estudos sobre o consumo de pescados, a divulgação de
praias impróprias para banho na internet e o aporte de recursos do
Estado e da União para os pescadores afetados.
DEIXE O SEU COMENTÁRIO