Setor de serviços foi o que mais criou postos de trabalho em setembro
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O setor de serviços foi o que mais criou postos de
trabalho no mês de setembro em seis regiões metropolitanas e no Distrito
Federal, aponta levantamento divulgado hoje (31) pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) destaca que, das cerca de 82
mil novas vagas, 53 mil estão no setor de serviços. Também foram criados
novos postos no setor de comércio e reparação de veículos (20 mil) e
indústria da transformação (10 mil). “Em termos anuais, o setor de
serviços também é a atividade que sustenta o nível de ocupação”, apontou
a técnica do Dieese Ana Maria Belavenuto.
A indústria de transformação, por sua vez, reagiu positivamente no
conjunto das regiões analisadas em setembro, mas, na comparação anual,
acumula perda de 64 mil vagas.
No setor da construção ocorre o inverso: apesar da retração atual de 25
mil postos de trabalho, a atividade apresenta variação positiva de 0,5%
em relação a setembro do ano passado, com 8 mil vagas. Ana Maria
Belavenuto destaca que os próximos meses têm como característica a
recuperação de postos de trabalho, especialmente nos setores de serviço e
comércio.
O economista Alexandre Loloian, coordenador de Análise da Pesquisa do
Seade, diz, no entanto, que isso não garante a diminuição da taxa de
desemprego, pois deve ser observado o comportamento da população
economicamente ativa (PEA) no período. “A pressão no mercado aumenta e,
mesmo com o crescimento do nível de ocupação, pode ter aumento do
desemprego”, explica.
A PED mostra que a
taxa geral de desemprego voltou a ficar relativamente estável no mês de
setembro, passando de 11,1% em agosto para 10,9% em setembro. Na
apuração de agosto, o índice havia registrado leve alta, passando de
10,7%, em julho, para 11,1%, interrompendo quatro meses de relativa
estabilidade.
Para Alexandre Loloian, esse retorno à estabilidade, apesar do
cenário de crise econômica mundial, reflete os ganhos da economia de
anos anteriores. “Com exceção de setembro do ano passado, é o menor
índice desde 1992. Estamos ainda naquela fatura do ganho da última
década de crescimento. Desde 2004, a taxa vinha se reduzindo e ainda não
perdemos aquele patamar”, avaliou, ao analisar os dados referentes a
São Paulo.
O rendimento médio real dos ocupados também se manteve em relativa
estabilidade, com leve redução de 0,1%. Houve aumento de 2,5% em Belo
Horizonte, passando a valer R$ 1.394; de 1,4% em Fortaleza (R$ 1.018) e
de 1,2% em Salvador (R$ 1.057). Em São Paulo, a variação foi de -0,2%,
passando a valer R$ 1.682. Outras reduções foram registradas no Distrito
Federal (-0,8%, com rendimento médio de R$ 2.155), Recife (-1,7%, R$
1.096) e Porto Alegre (-2,1%, R$ 1.517).
Assim como o Dieese e a Fundação Seade, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulga levantamento mensal sobre o
desemprego no país. No entanto, as taxas apresentadas nas duas pesquisas
costumam ser diferentes, devido aos conceitos e metodologias usados.
Entre as diferenças, está o conjunto de regiões pesquisadas. O
Dieese e a Fundação Seade não calculam o número de desempregados da
região metropolitana do Rio de Janeiro. E, na pesquisa do IBGE, não
estão incluídas as regiões metropolitanas de Fortaleza e do Distrito
Federal.
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