Populações de tartarugas marinhas crescem no Brasil, diz Projeto Tamar
 “Quando chegamos, as populações estavam diminuindo. Agora a reprodução 
está aumentando. Hoje, algumas espécies têm 20 vezes mais tartarugas do 
que quando chegamos. Podemos ver isso pelo número de ninhos que têm nas 
praias”, disse Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Tamar.
 Marcovaldi não exita em afirmar que os números refletem a atuação das 
equipes do projeto que completa 33 anos. Mas, segundo o próprio 
pesquisador, as ameaças às espécies de tartarugas no país não cessaram. 
Há três décadas, o risco era a matança direta dos ovos e dos animais. 
Atualmente, além dessa prática - que parecia extinta, mas está sendo 
retomada em algumas regiões, como no litoral norte do Ceará - biólogos e
 técnicos têm observado outras ameaças provocadas pela ocupação do 
litoral.
 “Começaram a surgir muitas casas onde as tartarugas desovam e devido à 
luz causam problemas, afetando o comportamento das tartarugas. Elas são 
guiadas pela luz mais forte e, ao invés de retornarem para o mar, migram
 na direção da praia”, explicou ele. O problema é mais frequente em 
algumas regiões, como no litoral norte da Bahia, por conta do aumento da
 população. Mas, Marcovaldi alerta que o risco está em todas as praias 
de desova ocupadas tanto por residências quanto por portos, por exemplo,
 como é o caso do litoral capixaba.
 A pesca também se mantém como uma das principais ameaças. Muitas vezes,
 sem a intenção, os pescadores acabam capturando tartarugas durante a 
atividade. O problema tem sido enfrentado de três maneiras pelos 
pesquisadores do Tamar. Segundo Marcovaldi, a estratégia mais radical e 
menos aplicada é o deslocamento dos pescadores para áreas onde não 
existem tartarugas.
 “Outra forma é o pescador se acostumar a livrar a tartaruga e 
devolvê-la para o mar e isso tem acontecido com bastante frequência”, 
disse, acrescentando que ainda é possível reduzir os riscos, mudando os 
apetrechos utilizados na pesca. O anzol circular, por exemplo, diminui 
em 70% o risco de captura involuntária, pelo formato da peça que impede o
 encaixe na boca da tartarugas.
 “Soltamos
 um filhotinho de cabeçuda no norte da Bahia, que já esta no sul da 
Bahia, na região de Abrolhos e deve chegar em Santa Catarina. No mês que
 vem, vamos ter mais seis tartarugas rastreadas e queremos descobrir 
para onde os filhotes seguem, depois que nascem. Vai ser importante 
saber essa rota e adotar medidas de proteção”, explicou Marcovaldi.
 A homenagem vai começar com a soltura do filhote de número 15 milhões 
nascido no laboratório do projeto, simbolizando o número de 
tartaruguinhas liberadas no mar desde a criação do Tamar.
Repórter da Agência Brasil
Edição: Carolina Pimentel

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