Papangus dominam as ruas de Bezerros no domingo de Carnaval
No
domingo de Carnaval (dia 10), é difícil encontrar alguém que mostre o
verdadeiro rosto na cidade de Bezerros, a 100 km do Recife. Todos estão
mascarados, esbanjando a alegria e o colorido dos Papangus.
Originalmente,
os papangus eram figuras temidas que vestiam túnica de tecido escuro e
tinham a cabeça e o rosto cobertos por um capuz com três buracos para a
boca e os olhos. Eles acompanhavam as procissões religiosas dando
chicotadas em quem ousasse atrapalhar o cortejo. Por serem associados a
figuras de morte e tortura, foram banidos pela Igreja Católica.
Conta
a história que, na mesma época, uma brincadeira surgiu entre familiares
dos senhores de engenho. Eles saiam mascarados e mal vestidos para
visitar amigos nas festas de entrudo – manifestações de carnaval do
século XIX. Já no século XX, na década de 30, surgiu a tradição dos
blocos. A partir dos anos 1960, os papangus ficaram mais numerosos e
passaram a usar fantasias coloridas e máscaras bem trabalhadas, sendo
elaboradas por artistas plásticos.
Hoje, os papangus são foliões que dão o tom da alegria do Carnaval bezerrense, um dos maiores carnavais temáticos do Brasil. São palhaços, pierrôs,
colombinas, bruxos, todos brincando em paz, em um ambiente bem familiar.
A brincadeira é levada tão a sério que os foliões procuram fazer suas
fantasias em segredo, para não serem desmascarados antes da festa. No
comércio local é possível comprar a fantasia pronta, mas a parte mais
gostosa, que é o segredo, fica perdida.
As
ruas lotadas confirmam a procura crescente pelo município nos últimos
anos. Com cerca de sessenta mil habitantes, a população de Bezerros
triplica durante o Carnaval, o que movimenta a economia de diversos
municípios vizinhos, como Gravatá, Pombos e Sairé. Além disso, em
Bezerros a cultura do papangu é vivida durante o ano todo, através das
oficinas de máscaras, da culinária desenvolvida com variados pratos
feitos com angu e de oficinas de dança e música de carnaval.
Antes
de começar a folia, os moradores distribuem angu, prato típico da
culinária nordestina preparado com fubá, para os brincantes, para que
eles tenham energia de sobra para curtir o melhor carnaval do mundo.
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