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Eduardo Campos entre os 4 mais poderosos do Brasil

Ao jamais admitir ser um potencial candidato ao Palácio do Planalto, 
o governador pernambucano conduziu de maneira bem sucedida sua estratégica pública.
Foto: Folha de São Paulo

Em dezembro de 2012, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu uma declaração taxativa a um jornalista: “Estarei com Dilma em 2014”. Afirmou não ser a hora de “adesismos baratos”, tampouco “arroubos de oposicionismos oportunistas”. Numa só tacada, dizia para a oposição tirar o cavalinho da chuva e descartar seu nome para seguir ao lado do amigo Aécio Neves e do PSDB, partido aliado do PSB em Minas Gerais. Em março deste ano, durante reunião com governadores e líderes do Congresso, anunciava, na condição de pré-candidato do seu partido à sucessão da presidente Dilma Rousseff, que não trataria de disputa presidencial. “2014 a gente discute em 2014”, fez escapar. 

Como informa o clássico enunciado atribuído a Magalhães Pinto, velha raposa mineira, política é como nuvem: você olha e está de um jeito; olha de novo e ela já mudou. Eduardo Campos produziu mais uma evidência dessa máxima. Em outubro de 2013, é mais candidato do que nunca à Presidência da República. Sem Dilma, pelo menos no primeiro turno da eleição. Fala como poucos sobre 2014, 2015, 2016... Em sua estratégia pública conduzida de maneira extraordinariamente bem-sucedida, Campos jamais admitiu ser um potencial candidato. Deixava, assim, caminhos abertos a composições. Apresentava-se como aquele que mais pensava nos gargalos do presente e nos desafios do futuro do que nas oportunidades eleitorais. Mas não mais que de repente, o governador acabou declarado candidato por sua autoindicada companheira de chapa, Marina Silva. Sem conseguir homologação como partido, a Rede transformou-se num partido dentro do partido de Campos.  


O espetáculo precipitado pela ex-senadora levou Eduardo Campos aonde ele só gostaria de estar explicitamente em 2014. Agora o governador apresenta-se claramente com roteiro crítico ao governo Dilma: no fundo, nas entrelinhas, busca mostrar ao País que, depois das conquistas obtidas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a atual gestão não soube avançar o que o Brasil precisava. A um ano do momento de o Brasil ir às urnas escolher se concede a Dilma mais quatro anos de mandato ou define outro timoneiro, Campos já não pode mirar o interlocutor com seus translúcidos olhos verdes e convencê-lo de que não pensa naquilo. Não só pensa como age com um olho em 2013 e outro em 2014. Sua opção o conduz a um fio de navalha: depois de dez anos de apoio aos dois inquilinos petistas do Palácio do Planalto, dirá ao distinto público que não é hora de abandonar a canoa. Quer um voo solo para fazer o País ir a novo rumo. Afinal, política é como nuvem. 


Nas eleições municipais de 2012, PT e PSB já haviam rompido a aliança em capitais importantes, como Fortaleza, Belo Horizonte e Recife, detonando o mal-estar entre as duas siglas. Principalmente no Recife, onde Eduardo Campos decidiu lançar a candidatura de seu então secretário de Planejamento, Geraldo Júlio, à prefeitura (ele acabou eleito). Lula – que, apesar anos vivendo em São Paulo, mantém raízes e forte prestígio em Pernambuco, seu Estado natal – ficou furioso, e os petistas o seguiram: carros de som da campanha derrotada do senador Humberto Costa tocaram o samba famoso na voz de Beth Carvalho, cuja letra diz: “Você pagou com traição/ A quem sempre lhe deu a mão”.


Choque de gestão também em Pernambuco 


O poder político e a popularidade de Eduardo Campos são resultados de sua gestão em Pernambuco. O Estado cresceu mais rápido do que a média nacional, atraiu megainvestimentos como a Fábrica da Fiat, o estaleiro Atlântico Sul e a Refinaria Abreu e Lima, os dois últimos no complexo industrial de Suape. Iniciativas que ajudaram a mudar o perfil econômico de Pernambuco. Promoveu avanços significativos também na educação e no modelo de gestão do governo – metas e temidas reuniões de monitoramento foram introjetados no dia a dia de secretários e funcionários. 


Politicamente Eduardo Campos é uma espécie de variação mineira à moda pernambucana: ele trabalha dia e noite para não ter adversários que mereçam tal nome. Chegou a arquitetar uma inacreditável aliança com o senador Jarbas Vasconcelos. Aliado antigo (foi na prefeitura do Recife na gestão de Jarbas que Campos ganhou seu primeiro cargo público), o senador se transformara num renhido adversário. Foi quem mais fez barulho contra a ida de Ana Lúcia Arraes de Alencar, mãe do governador pernambucano, para o Tribunal de Contas da União. “Isso não é modernidade. É atraso do pior tipo possível”, esbravejou na tribuna do Senado, contra a obra de Campos e a graça do então presidente Lula. 


Diante da inexistência de oposição no Legislativo, no Judiciário, na imprensa, entre ONGs ou entidades de classe, políticos como Humberto Costa, do PT, ou Mendonça Filho, do DEM, já disseram aos quatro ventos em algumas oportunidades: “Ele é um sedutor”. Não se trata de elogio. Na cosmologia pernambucana, a frase tem sentido próprio: “Cuidado com ele”. Há uma máxima local segundo a qual o governador não se satisfaz com maioria, mas só com a unanimidade. 


DNA político 


Eduardo Henrique Accioly Campos nasceu no Recife (PE) em 10 de agosto de 1965. Filho de Ana Arraes, ex-deputada federal, e do escritor e advogado Maximiano Accioly Campos, com apenas 16 anos ingressou na Universidade Federal de Pernambuco para cursar economia; aos 20, formou-se e foi o orador da turma. Começou a militância ainda na universidade, como presidente do Diretório Acadêmico. Não traiu o sangue político da família: em 1986, trocou a possibilidade de um mestrado nos Estados Unidos pela participação na campanha que elegeu governador de Pernambuco o seu avô, Miguel Arraes – que passara 15 anos de exílio provocado pelo regime militar. 


Em 1990, depois de trabalhar como secretário de Governo do avô, filiou-se ao PSB e conquistou um mandato de deputado estadual. Chegou ao Congresso Nacional em 1994, dois anos depois de sofrer sua única derrota eleitoral até hoje: foi quinto lugar na eleição que levou Jarbas Vasconcelos pela segunda vez à prefeitura do Recife. Em 1998, foi reeleito para a Câmara dos Deputados como o deputado federal mais votado de Pernambuco. No seu terceiro mandato em Brasília, conquistado em 2002, atuou em defesa da candidatura de Lula, depois de um primeiro turno com Anthony Garotinho.  


Em 2003, estreitando os laços com Lula, tomou posse como ministro de Ciência e Tecnologia – o mais jovem no primeiro mandato do presidente. Em sua gestão, foi aprovada a lei que autoriza pesquisa com células-tronco. Data dessa época suas desavenças com o todo-poderoso José Dirceu. Em 2005, Eduardo Campos e Aldo Rebelo, então ministro de Relações Institucionais, manobraram para barrar a CPI dos Correios, que trouxe à tona o Mensalão. Numa reunião com Dirceu, que terminou em clima hostil, Campos teria sido aconselhado a desistir da candidatura ao governo de Pernambuco, em favor do petista Humberto Costa. “Eu não preciso do PT para ser governador. A única pessoa a quem eu tenho de dar satisfação é o Lula”, teria respondido, especialmente exaltado. Mais tarde ganharia pontos adicionais com o presidente ao ser fiel durante a crise do Mensalão e ao retirar sua candidatura à presidência da Câmara em favor de Rebelo. 


Sucesso de votos  


Depois de assumir a presidência do PSB em 2004, lançou um ano depois sua candidatura ao governo de Pernambuco. O curioso é que, durante a campanha, Lula resolveu apoiar não apenas um candidato, mas dois: além de Eduardo Campos, esteve também ao lado de Humberto Costa, o indicado pelo PT, numa manobra arriscada para enfraquecer a hegemonia do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que apoiava a reeleição de Mendonça Filho. Campos e Mendonça chegaram ao segundo turno, com a vitória do primeiro, que aglutinou mais de 60% dos votos válidos.  


Desde a cerimônia de posse – marcada pela presença de camponeses, lembrando o clima que havia nos tempos do avô Miguel Arraes – Eduardo Campos realizou um governo sem percalços. Tudo lhe foi favorável para que seu nome ficasse mais conhecido nacionalmente. Uma das vitaminas estimulantes de sua gestão foi a atração de recursos do governo federal – de longe o maior investidor na economia local. Em 2010 disputou a reeleição, e, mais uma vez, contou com a mão de Lula durante a disputa. Saiu-se com folgada vitória ainda no primeiro turno: quase 80% dos votos válidos, enterrando de vez o seu maior adversário político, o senador Jarbas Vasconcelos.  


Até as denúncias envolvendo o governador são diferentes. Em agosto, a direção da Fliporto – a festa literária anual de Olinda, nos moldes da mais famosa Flip, realizada em Paraty – anunciou a devolução total da verba de patrocínio, no valor de R$ 3,5 milhões, repassada pelo governo do estado para a edição de 2013. A decisão foi tomada após reportagem publicada no jornal “Folha de S. Paulo” ter mostrado que a cota de financiamento estadual foi recorde, e só fez crescer desde que o advogado Antônio Campos, irmão de Eduardo, assumiu a produção do evento, em 2007. 


Na outra margem do rio, volta e meia o governador é inundado por ataques por ter cunhada, ex-cunhado, sobrinhos, sobrinhas, primos e tios empregados em estatais – uma soma que chega a fácil a duas dezenas de parentes ou aderentes em cargos de confiança no governo. Em nenhum dos casos a lei tipifica crime de nepotismo. Mas a sombra existe. Eduardo Campos, no entanto, dá de ombros para esse tipo de crítica. Ele só perde a fleuma poucas vezes – quando, por exemplo, atribui-se a ele o desqualificativo “coronel”. A imprensa instalada no Sudeste já fez isso algumas vezes. A revista britânica The Economist também. Mesmo quando registram seu lado de gestor dinâmico e empreendedor à frente de Pernambuco. Responde que rótulos do gênero não são destinados a políticos do Rio de Janeiro, de São Paulo ou de Minas Gerais.

Fonte: Portal IG

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