Governador Paulo Câmara recebe homenagem em nome da família de Eduardo Campos
Fotos: Humberto Pradera/Divulgação
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BRASÍLIA
- O governador Paulo Câmara representou a família do ex-governador
Eduardo Campos, hoje (10.06) pela manhã, em homenagem feita pelo
Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que concedeu – In
Memoriam – o titulo de Doutor Honoris Causa. Paulo fez um discurso
redigido por Renata Campos, que não pôde estar presente à cerimônia. A
homenagem fez parte da abertura do 5º Seminário Internacional de Direito
Administrativo e Administração.
Fotos: Humberto Pradera/Divulgação
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A
homenagem a Eduardo também foi prestigiada pelos governadores do
Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB), pelo vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), pelo
ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, pelos senadores
Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP), pelos deputados federais
Tadeu Alencar (PSB-PE), Fernando Filho (PSB-PE), Gonzaga Patriota
(PSB-PE), João Fernando Coutinho (PSB-PE), Marinaldo Rosendo (PSB-PE),
Julio Delgado (PSB-MG) e Luciano Ducci (PSB-PR), pelo presidente
nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado, pelo
presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, pelo presidente do
Tribunal de Contas de Pernambuco, Valdecir Pascoal, pelo ex-governador
do Espírito Santo Renato Casagrande e pelo ex-deputado federal Beto
Albuquerque.
Além
de Paulo Câmara, reverenciaram, em discursos, a memória de Eduardo
Campos: Gilmar Mendes, Marcus Vinicius Furtado, Carlos Siqueira, Márcio
França, José Serra, Aécio Neves, Flávio Dino e Rodrigo Rollemberg.
A íntegra do discurso de agradecimento de Renata Campos, lido pelo governador Paulo Câmara:
“Senhoras e Senhores,
Em
primeiro lugar, quero agradecer, em meu nome e no da minha família, a
honrosa homenagem de Concessão do Título de Doutor Honoris Causa que
neste momento está sendo prestada a Eduardo pelo Instituto Brasiliense
de Direito Público – IDP.
Em
sua brilhante trajetória, Eduardo deixou marcas profundas na cena
política, na cultura de gestão pública brasileira – ainda em formação –
e, principalmente, na memória do nosso povo. E estas marcas devem ser
sempre valorizadas pelo que contêm de lição para o presente e de
encaminhamentos para a construção de um futuro melhor para nosso País e o
nosso povo.
Eduardo
trouxe para a administração pública valores fundamentais para a
sociedade que dela tinham estado ausentes. Entre os mais importantes, o
dever de ser eficiente e a exigência de que os serviços que se prestam à
população tenham qualidade e atendam ao interesse dos mais pobres –
justamente aqueles que mais precisam do Estado.
Eduardo
defendia que o chamado ”risco Brasil” não era mais puramente econômico.
Para ele, verdadeiramente arriscado era o Brasil ter uma Educação
falha, inconsistente, insuficiente. Risco para o Brasil é termos uma
escola que não funciona, que não tem estrutura nem profissionais
valorizados,condição fundamental para qualificar o povo brasileiro para o
grande desafio de se afirmar no contexto global.
Ele
também considerava importantes a formação superior e a pesquisa e a
inovação para o desenvolvimento do país. Como ele mesmo dizia, “nos
últimos anos, o Brasil já aprendeu a transformar dinheiro em pesquisa e
pesquisa em conhecimento. E agora está aprendendo a transformar
conhecimento em qualidade de vida para as pessoas. Contudo, é preciso
compreender a produção do conhecimento e o próprio conhecimento não como
um fim em si mesmo, mas como algo que em última instância deve, acima
de tudo, servir à humanidade“.
Por
alimentar tal convicção, Eduardo fez tudo o que estava ao seu alcance
para mudar esta realidade. Como Ministro de Estado da Ciência e
Tecnologia no governo do presidente Lula, ele quintuplicou o orçamento
da pasta, desenhou estratégias e fixou metas para a formação de mestres e
doutores, assim como trabalhou para expandir as universidades federais
para o interior. Ainda como Ministro, usou sua liderança e habilidade
política para aprovar, no Congresso Nacional, leis de fundamental
importância para o País. Entre elas, a Lei da Inovação, que faz a
universidade dialogar com o mundo da produção, bem assim a lei que
libera pesquisa científica com células-tronco embrionárias, outro marco
para o desenvolvimento cientifico no Brasil.
Como
governador, Eduardo transformou a educação pública de Pernambuco,
implantando a maior rede de escolas em tempo integral do Brasil, dezenas
de escolas técnicas e programas como o Ganhe o Mundo, que oferece
oportunidade a jovens de escola pública – escolhidos por mérito - de
fazerem intercâmbio no estrangeiro, exatamente como fazem os filhos da
classe média.
No
nível Superior, multiplicou os campi e os cursos da Universidade de
Pernambuco pelo interior e ainda tornou-a pública e gratuita para os
milhares de jovens pernambucanos que a frequentam. Para estimular a
pesquisa e a inovação, deu à Fundação de Apoio à Ciência do Estado, a
Facepe, mais de cem milhões de reais por ano para financiar pesquisas e
formar mestres e doutores.
Pelo
que aqui foi dito pode-se perceber o quanto Eduardo ficaria feliz com
este reconhecimento. E para expressão deste sentimento, nada melhor do
que ouvir um pouco do discurso que pronunciou numa situação semelhante,
quando foi distinguido com o título de Doutor Honoris Causa pela nossa
Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Disse ele:
'Foi
entre 2004 e 2005, quando passei a me relacionar com a Academia como
ministro da Ciência e Tecnologia, que tive a honra de discutir e
encaminhar com toda a comunidade científica programas de extrema
relevância para o desenvolvimento do País, como a reestruturação do
programa espacial brasileiro e do programa nuclear, a criação do
programa de Biossegurança, que permitiu as pesquisas com células-tronco,
e a Lei de Inovação Tecnológica, que inaugurou uma nova era nas
relações entre empresas, universidades e instituições de pesquisa.
No
Ministério desenvolvemos uma política nacional de ciência e tecnologia,
junto com a comunidade científica, apoiada em três princípios básicos.
Primeiro, é preciso apoiar a ciência no sentido mais amplo da palavra,
como produtora de conhecimento para toda a sociedade. Relacionar esse
conhecimento com uma política industrial ampla e aos setores
estratégicos para o País. Além de promover, a partir da ciência e da
tecnologia, a inclusão social.
E
trabalhamos paras colocar a Academia na rua e levar o povo para dentro
da Academia. A Universidade deve estar presente e atenta às necessidades
e vocações econômicas de cada região.
Além
de uma vasta produção de conhecimento voltada à sociedade e à
comunidade que a cerca, a Universidade tem também grande importância
para a economia do futuro, apoiada no conceito de sustentabilidade, que
alia desenvolvimento, preservação do meio ambiente e inclusão social. É
preciso encarar essa construção do conhecimento como agente
transformador da realidade.
Tudo
o que aprendemos sobre o mundo que nos cerca pode ser descrito como a
crônica da imperfeição humana. Nunca saberemos o suficiente e nunca
teremos nossa sede de saber saciada de todo.
E,
no entanto, não podemos sufocar o nosso desejo de aprender, de
compreender e de lutar para fazer esse mundo uma morada melhor. As
ciências sociais nos ensinam a nos entender e nos complementar uns aos
outros. As ciências chamadas de duras nos habilitam a domar a natureza,
respeitando-a e preservando seus recursos. As ciências médicas alongam
nossas vidas e nos preparam para desfrutar a arte de viver.
Vocês,
homens e mulheres que fazem o dia a dia desta grande casa do saber, são
nossos parceiros e nossos guias nesta viagem tão dura quanto bela em
direção ao conhecimento pleno. Ter sido distinguido por vocês, como
estou sendo neste momento, é uma honra e uma grande responsabilidade.
Emocionado
pela homenagem e confiante na minha disposição para encarar o desafio
de merecê-la e dignificá-la, agradeço comovido.'
Portanto, Senhoras e Senhores, reafirmo nossa gratidão pela homenagem.
Iniciativas
como esta lançam luz sobre tudo de bom que se faz na política e na
gestão pública brasileira, oferecendo ao país, principalmente às novas
gerações, outros exemplos, diferentes daqueles que, para nosso desgosto,
nos oferecem cotidianamente os noticiários.
Particular
agradecimento ao eminente Ministro Gilmar Mendes e ao Professor Doutor
Paulo Gonet Branco, também pela realização deste importante V Seminário
Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública.
Tenho
confiança de que o sentimento que movia Eduardo na sua luta por um
Brasil mais justo e solidário haverá de animar ainda muitas gerações
para que o seu sonho possa ser realizado e possamos ser uma nação
efetivamente próspera, solidária e generosa como nosso povo.
Abraço fraterno a todos e todas.
Renata Campos”
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